Duas velas postas num alinhamento
igual, uma de um lado, outra do outro. As luzes da pacata cidade começam a
clarear a noite que se inicia. Fieis se assentam pelos bancos e cadeiras postos
no patamar daquele templo, que tem o apostolo Simão como patrono. Almas em
preparação para o Santo Sacrifício, que logo mais será vivido neste santo
altar.
As chamas das velas já foram
acesas, e de longe se vê aquele altar onde o Filho do Homem será imolado, a
extensão daquela paixão que salvou a humanidade, acontecerá pelas mãos do
sacerdote, ungidas para dar Cristo ao povo.
A imagem do casto varão, com seu
filho nos braços já está sobre o andor, com algumas rosas e folhagens, que
embelezam mais ainda e dignificam a sua memoria. Memoria a qual é celebrado
pelos seus dons, de um homem trabalhador, que buscou com o seu suor, sustentar
a Virgem e o Salvador.
O sino toca, dois toques
seguidos, a ultima chamada para o grande momento, o ápice da fé. Aos poucos os
espaços dos bancos são preenchidos por fieis, homens, mulheres, meninos... De
longe se vê a anciã, devotamente, com seu rosário entre os dedos, rezando à
Virgem Maria. Outros que vão chegando, logo que depressa reverenciam aquele
altar, traçam sobre si o sinal da Cruz, e em silencio fazem suas orações.
Crianças e jovens, a postos,
próximo ao grande cruzeiro, onde em fila se organizam, para procissão que dará
inicio ao grande momento. De longe se vê, aquele homem, com a batina preta,
tirando o sobrepeliz o qual vestira durante a procissão, ele acrescenta as suas
vestes a alfaia, beija e coloca sobre os seus ombros a estola e por fim a
casula. Digno para o Santo Sacrifício faz em silencio uma oração e sai até
aquele cruzeiro, de onde iniciará a Santa Missa. No percurso cumprimenta os
fieis, abençoa aqueles que respeitosamente vos pede a benção, e carinhosamente
acena para aqueles que estão mais longe.
O jovem, acólito, trás ate o
sacerdote o turibulo, onde ele coloca o incenso, três colheres sobre carvão quente, em seguida abençoa, e aquela
fumaça sobe aos céus e com ela as nossas preces, os nossos pedidos e orações.
Inicia a procissão, o turibulo a
frente, incensa os fieis, incensa todo o ambiente, prepara as almas e os seus corações,
para bem participarem deste momento. Em seguida vai a o crucificado,
acompanhado dos participantes do rito litúrgico, os ministros guardiões do
Sacro Santo Corpo de Cristo, e daquele, que a partir deste momento é, mais que
tudo, Persona Christi.
O Sinal da Cruz sela, sobre todos
reunidos, o compromisso de viver este mistério com dignidade e amor. Anjos, de
todos os lugares, enviados por Deus, rodeiam aquele ambiente, a espera do Sacrifício
Perfeito.
Per Mea Culpa, assim afirmam os
pecadores necessitados da Misericórdia de Deus. Que em seguida, entoam hino de
louvores, ao Pai, ao Filho e ao Espirito Santo.
O sacerdote faz a oração coleta,
e nela apresenta todas as intenções para o Santo Sacrifício, aqueles ditas, mas,
sobretudo, aqueles ocultas no coração de cada um fiel.
Deus vem falar com seu povo, Ele
fala através das Sagradas Escrituras. Uma leitura do Antigo Testamento, seguida
da salmodia e, depois, uma leitura do Novo Testamento. Por fim, a procissão, na
frente mais uma vez o turibulo, seguido de duas velas, e atrás o Sacerdote,
levando as mãos o evangeliário, de onde proferirá a leitura a partir de um dos
quatro evangelistas. O povo, em respeito, permanece de pé, traça sobre si três
cruzes, uma na testa, outra na boca e a ultima sobre o peito.
Ao termino da proclamação, o
sacerdote profere o sermão, fazendo um contraponto desde a primeira leitura até
o evangelho, anuncia a boa noticia, denuncia a exemplo do Cristo Sacerdote e,
por fim, orienta como um pastor ao dirigir-se para seu rebanho.
Seguindo o Rito Romano, professa-se
a fé, e todos reafirma seu compromisso, de seguidores do Cristo. Para logo
após, apresentar-lhe as suas preces, os anseios, os pedidos que surgem a partir
das necessidades do povo de Deus.
Oferecem os dons, frutos das
abundantes Graças do Pai. De longe vejo aquela viúva, que com apenas três pesos
de moedas as oferece de coração. Não sabe ela quão importante é aquele gesto,
não para os homens, mas para o Senhor.
Sobre o altar, Pão e Vinho, são
ofertados na plena certeza de que serão mais que isso após a consagração. O
Sacerdote faz a oração, recebe todas as ofertas e, em especial, aquela que está
sobre o altar.
De longe aproximam-se anjos,
entoam com todo o povo a sublime oração... Santo, Santo, Santo... Ajoelham-se
ao redor do altar. O Sacerdote estende as suas duas mãos sobre o pão e vinho...
Ressoa, em sequencia de três toques, as sinetas. Todos se ajoelham, pois o
Cristo é imolado sobre aquele Santo Altar. O pão agora é Carne, o vinho agora é
Sangue. O Mistério da Fé!
Na presença do Sacro Santo Corpo
e Sangue de Cristo, o Sacerdote reza, agradecendo por estar na presença do
Santo dos Santos e poder O Servi-Lo. Pede que faça de todos aqueles que
participam do Santo Sacrifício um só corpo e um só espirito. Apresenta ao
Cristo a Santa Igreja, o Santo Padre, o Episcopado, todos os seus ministros.
Reza por todo o povo, pelas almas, e por fim suplica, a Cristo Hóstia, que
todos posam participar da Vida Eterna, com a Virgem Maria, São José, os Anjos e
Santos e todos que neste mundo tão bem O serviu.
Rezam a oração que o Senhor nos
ensinou, omitindo-se o Amém final, O Sacerdote Reza pela Paz, e todos
respondem, ao final, com Amém, é o preanuncio do ponto Ápice da Fé. Em
preparação para o Grande Banquete, fraciona a Hóstia Maior, e submerge um pequeno
pedaço dela sobre o cálice com o Sangue. Cristo, Corpo, Sangue, Alma e
Divindade está sobre aquele altar, imolado, um Deus poderoso, se doa fazendo
pequeno na Hóstia Consagrada, para chegar e permanecer no meio do povo.
Cordeiro de Deus, assim todos O Proclamam, Cordeiro de Deus! Em seguida o Corpo
e Sangue e elevado e, em tom firme, anunciado pelo Sacerdote: Por Cristo, Com
Cristo, Em Cristo...
Os Anjos continuam a Adorar a
Cristo Hóstia, pois a Eles não é possível comunga-Lo. Este ato sublime só é
permitido aos homens na Terra. Assim é formado filas, por todos os lados. Os
fieis se aproximam, e lhes é apresentado O Corpo de Cristo, e firmemente o
respondem com Amém. Homens e mulheres participam deste ato celestial, presente
na Terra. Os anjos incansavelmente adoram a cada partícula consagrada,
principalmente aqueles que se dispersam os olhos dos humanos.
O Sacerdote volta para o Santo
Altar, cuidadosamente purifica os vasos sagrados, com o respeito a cada fração
do Corpo de Cristo. Seguido do recolhimento no tabernáculo do Sacro Santo Corpo
do Senhor, que ficará lá, para ser adorado, e para atender as necessidades de
idosos e doentes impossibilitados de participarem do Santo Sacrifício.
Após a oração final, um ato
solene, o Sacerdote acolhe uma pequena criança, que vem nos braços dos seus
pais, pela primeira vez a Santa Missa. Os pais já planejam o seu batizado, mas
antes mesmo de receber o Sacramento da Iniciação Cristã, a pequena criança é
elevada pelas mãos do sacerdote, e apresentada à comunidade. Ato memorável, e
observado mediante ao exemplo da Virgem Maria e do Casto José que foram
apresentar no templo o seu filho, Jesus.
Após esta apresentação, o
Sacerdote abençoa a todos, finalizando assim, mais um Santo Sacrifício, o qual
se prolongará, na vida de cada participante, até a próxima Santa Missa.
O Sacerdote beija o Altar do
Santo Sacrifício, em um gesto de reverencia ao Sagrado, e em seguida sai em
procissão até a Sacristia daquela Matriz. De lá, o Sacerdote, ainda
paramentado, e acompanhado de todos aqueles que participaram desta Santa
Celebração, aos pés do Crucificado, bendizem ao Senhor.
Daqui do meu leito, sofro as
dores da enfermidade e as dores corporais, bem como, sofro a minha ausência em
não participar e comungar o Corpo do Senhor.
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