sábado, 2 de maio de 2015

O Santo Sacrifício


Duas velas postas num alinhamento igual, uma de um lado, outra do outro. As luzes da pacata cidade começam a clarear a noite que se inicia. Fieis se assentam pelos bancos e cadeiras postos no patamar daquele templo, que tem o apostolo Simão como patrono. Almas em preparação para o Santo Sacrifício, que logo mais será vivido neste santo altar.

As chamas das velas já foram acesas, e de longe se vê aquele altar onde o Filho do Homem será imolado, a extensão daquela paixão que salvou a humanidade, acontecerá pelas mãos do sacerdote, ungidas para dar Cristo ao povo.

A imagem do casto varão, com seu filho nos braços já está sobre o andor, com algumas rosas e folhagens, que embelezam mais ainda e dignificam a sua memoria. Memoria a qual é celebrado pelos seus dons, de um homem trabalhador, que buscou com o seu suor, sustentar a Virgem e o Salvador.

O sino toca, dois toques seguidos, a ultima chamada para o grande momento, o ápice da fé. Aos poucos os espaços dos bancos são preenchidos por fieis, homens, mulheres, meninos... De longe se vê a anciã, devotamente, com seu rosário entre os dedos, rezando à Virgem Maria. Outros que vão chegando, logo que depressa reverenciam aquele altar, traçam sobre si o sinal da Cruz, e em silencio fazem suas orações.

Crianças e jovens, a postos, próximo ao grande cruzeiro, onde em fila se organizam, para procissão que dará inicio ao grande momento. De longe se vê, aquele homem, com a batina preta, tirando o sobrepeliz o qual vestira durante a procissão, ele acrescenta as suas vestes a alfaia, beija e coloca sobre os seus ombros a estola e por fim a casula. Digno para o Santo Sacrifício faz em silencio uma oração e sai até aquele cruzeiro, de onde iniciará a Santa Missa. No percurso cumprimenta os fieis, abençoa aqueles que respeitosamente vos pede a benção, e carinhosamente acena para aqueles que estão mais longe.

O jovem, acólito, trás ate o sacerdote o turibulo, onde ele coloca o incenso, três colheres sobre  carvão quente, em seguida abençoa, e aquela fumaça sobe aos céus e com ela as nossas preces, os nossos pedidos e orações.

Inicia a procissão, o turibulo a frente, incensa os fieis, incensa todo o ambiente, prepara as almas e os seus corações, para bem participarem deste momento. Em seguida vai a o crucificado, acompanhado dos participantes do rito litúrgico, os ministros guardiões do Sacro Santo Corpo de Cristo, e daquele, que a partir deste momento é, mais que tudo, Persona Christi.

O Sinal da Cruz sela, sobre todos reunidos, o compromisso de viver este mistério com dignidade e amor. Anjos, de todos os lugares, enviados por Deus, rodeiam aquele ambiente, a espera do Sacrifício Perfeito.

Per Mea Culpa, assim afirmam os pecadores necessitados da Misericórdia de Deus. Que em seguida, entoam hino de louvores, ao Pai, ao Filho e ao Espirito Santo.

O sacerdote faz a oração coleta, e nela apresenta todas as intenções para o Santo Sacrifício, aqueles ditas, mas, sobretudo, aqueles ocultas no coração de cada um fiel.

Deus vem falar com seu povo, Ele fala através das Sagradas Escrituras. Uma leitura do Antigo Testamento, seguida da salmodia e, depois, uma leitura do Novo Testamento. Por fim, a procissão, na frente mais uma vez o turibulo, seguido de duas velas, e atrás o Sacerdote, levando as mãos o evangeliário, de onde proferirá a leitura a partir de um dos quatro evangelistas. O povo, em respeito, permanece de pé, traça sobre si três cruzes, uma na testa, outra na boca e a ultima sobre o peito.

Ao termino da proclamação, o sacerdote profere o sermão, fazendo um contraponto desde a primeira leitura até o evangelho, anuncia a boa noticia, denuncia a exemplo do Cristo Sacerdote e, por fim, orienta como um pastor ao dirigir-se para seu rebanho.

Seguindo o Rito Romano, professa-se a fé, e todos reafirma seu compromisso, de seguidores do Cristo. Para logo após, apresentar-lhe as suas preces, os anseios, os pedidos que surgem a partir das necessidades do povo de Deus.

Oferecem os dons, frutos das abundantes Graças do Pai. De longe vejo aquela viúva, que com apenas três pesos de moedas as oferece de coração. Não sabe ela quão importante é aquele gesto, não para os homens, mas para o Senhor.

Sobre o altar, Pão e Vinho, são ofertados na plena certeza de que serão mais que isso após a consagração. O Sacerdote faz a oração, recebe todas as ofertas e, em especial, aquela que está sobre o altar.

De longe aproximam-se anjos, entoam com todo o povo a sublime oração... Santo, Santo, Santo... Ajoelham-se ao redor do altar. O Sacerdote estende as suas duas mãos sobre o pão e vinho... Ressoa, em sequencia de três toques, as sinetas. Todos se ajoelham, pois o Cristo é imolado sobre aquele Santo Altar. O pão agora é Carne, o vinho agora é Sangue. O Mistério da Fé!

Na presença do Sacro Santo Corpo e Sangue de Cristo, o Sacerdote reza, agradecendo por estar na presença do Santo dos Santos e poder O Servi-Lo. Pede que faça de todos aqueles que participam do Santo Sacrifício um só corpo e um só espirito. Apresenta ao Cristo a Santa Igreja, o Santo Padre, o Episcopado, todos os seus ministros. Reza por todo o povo, pelas almas, e por fim suplica, a Cristo Hóstia, que todos posam participar da Vida Eterna, com a Virgem Maria, São José, os Anjos e Santos e todos que neste mundo tão bem O serviu.

Rezam a oração que o Senhor nos ensinou, omitindo-se o Amém final, O Sacerdote Reza pela Paz, e todos respondem, ao final, com Amém, é o preanuncio do ponto Ápice da Fé. Em preparação para o Grande Banquete, fraciona a Hóstia Maior, e submerge um pequeno pedaço dela sobre o cálice com o Sangue. Cristo, Corpo, Sangue, Alma e Divindade está sobre aquele altar, imolado, um Deus poderoso, se doa fazendo pequeno na Hóstia Consagrada, para chegar e permanecer no meio do povo. Cordeiro de Deus, assim todos O Proclamam, Cordeiro de Deus! Em seguida o Corpo e Sangue e elevado e, em tom firme, anunciado pelo Sacerdote: Por Cristo, Com Cristo, Em Cristo...

Os Anjos continuam a Adorar a Cristo Hóstia, pois a Eles não é possível comunga-Lo. Este ato sublime só é permitido aos homens na Terra. Assim é formado filas, por todos os lados. Os fieis se aproximam, e lhes é apresentado O Corpo de Cristo, e firmemente o respondem com Amém. Homens e mulheres participam deste ato celestial, presente na Terra. Os anjos incansavelmente adoram a cada partícula consagrada, principalmente aqueles que se dispersam os olhos dos humanos.

O Sacerdote volta para o Santo Altar, cuidadosamente purifica os vasos sagrados, com o respeito a cada fração do Corpo de Cristo. Seguido do recolhimento no tabernáculo do Sacro Santo Corpo do Senhor, que ficará lá, para ser adorado, e para atender as necessidades de idosos e doentes impossibilitados de participarem do Santo Sacrifício.

Após a oração final, um ato solene, o Sacerdote acolhe uma pequena criança, que vem nos braços dos seus pais, pela primeira vez a Santa Missa. Os pais já planejam o seu batizado, mas antes mesmo de receber o Sacramento da Iniciação Cristã, a pequena criança é elevada pelas mãos do sacerdote, e apresentada à comunidade. Ato memorável, e observado mediante ao exemplo da Virgem Maria e do Casto José que foram apresentar no templo o seu filho, Jesus.

Após esta apresentação, o Sacerdote abençoa a todos, finalizando assim, mais um Santo Sacrifício, o qual se prolongará, na vida de cada participante, até a próxima Santa Missa.

O Sacerdote beija o Altar do Santo Sacrifício, em um gesto de reverencia ao Sagrado, e em seguida sai em procissão até a Sacristia daquela Matriz. De lá, o Sacerdote, ainda paramentado, e acompanhado de todos aqueles que participaram desta Santa Celebração, aos pés do Crucificado, bendizem ao Senhor.


Daqui do meu leito, sofro as dores da enfermidade e as dores corporais, bem como, sofro a minha ausência em não participar e comungar o Corpo do Senhor.